CIRURGIA BARIÁTRICA
O que é cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica, hoje também conhecida como Cirurgia Bariátrica e Metabólica, é um tipo específico de cirurgia feita sobre o aparelho digestivo (estômago e intestino) para tratamento da obesidade e das doenças que a obesidade provoca ou piora, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial (pressão alta), problemas com o colesterol, apneia do sono, entre outros.
A Obesidade atualmente é considerada uma das doenças mais graves e comuns do mundo, sendo responsável direta e indiretamente pelo adoecimento e morte de milhões de pessoas por ano no mundo.
Sim, todo convênio tem por dever seguir as orientações de cobertura da ANS, a agência nacional que regula os planos de saúde. Já há vários anos a ANS incluiu a cirurgia bariátrica como tratamento de cobertura obrigatória, e mais recentemente acrescentou que a cirurgia bariátrica por via laparoscópica (ou “por vídeo”) deveria estar entre os procedimentos cobertos.
Converse sempre com seu Cirurgião para obter as informações de forma completa e detalhada.
Fontes:
1. https://www.sbcbm.org.br/
2. Hruby A, Hu FB. The Epidemiology of Obesity: A Big Picture. Pharmacoeconomics. 2015;33(7):673-89.
3. Swinburn BA, Kraak VI, Allender S, Atkins VJ, BakerPI,BogardJRet al. The Global SyndemicofObesity, Undernutrition, andClimateChange: The Lancet Commissionreport [acesso em 02 Fev 2019]. Lancet 2019 Jan 27. Disponível em:http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32822-8
Há no Brasil 4 tipos principais de cirurgia bariátrica. A escolha da técnica depende muito das características individuais do paciente, que são exaustivamente pesquisadas pela equipe interdisciplinar antes de se fazer a sugestão de uma ou outra técnica. A seguir, um resumo de cada uma delas:
– Gastroplastia redutora em Y de Roux (cirurgia de Fobi-Capela):
Esta cirurgia consiste em confeccionar um estômago pequeno (cerca de 30-50ml), ligando-o diretamente a uma parte mais distante do intestino delgado. Além de reduzir a capacidade volumétrica do estômago, essa técnica faz com que o alimento não seja completamente absorvido, promovendo a perda de peso de forma mista. Alguns cirurgiões colocam um anel de silicone no final do estômago, para estreitá-lo. Não é retirada nenhuma parte do estômago e do intestino, há apenas um “desvio” dessas partes. É um procedimento complexo, e sua maior vantagem é a perda de peso adequada e duradoura.
– Gastrectomia Vertical (Sleeve):
Nesta cirurgia, é retirada uma parte do estômago (70 a 80%), deixando-o com o formato de um tubo. O emagrecimento se dá pela redução do tamanho do estômago e pela redução de um hormônio responsável pelo apetite. Tem poucos riscos de desnutrição no pós operatório. É uma técnica que pode ser utilizada com sucesso em alguns casos selecionados.
– Derivações Biliopancreáticas:
Há retirada de parte do estômago para diminuir o reservatório alimentar, mas o principal dessas cirurgias é o grande desvio intestinal, que deixa a absorção dos alimentos bastante reduzida. São técnicas que promovem geralmente boa perda de peso, mas com maior risco de desnutrição e deficiências de vitaminas. Por causa disto, hoje são indicadas em poucos pacientes, mas permanecem como uma alternativa em alguns casos.
– Banda gástrica ajustável:
É uma cirurgia que consiste na colocação de um anel (banda) de silicone em torno da parte de cima do estômago, causando um estreitamento. Isso faz com que o paciente se sinta saciado rapidamente, levando-o assim a comer menos. O grau de estreitamento dessa banda é regulado através da injeção de líquido por um dispositivo que fica embaixo da pele. Assim, o estreitamento pode ser ampliado ou reduzido, conforme a necessidade do paciente. Os resultados em longo prazo são menos efetivos em relação às outras técnicas e a banda pode trazer complicaçõ es, razão pela qual tem esse procedimento tem sido cada vez menos utilizado.
Imagens: https://www.sbcbm.org.br
A Cirurgia Bariátrica é atualmente considerado o melhor método para perda e manutenção de um peso adequado em longo prazo. Os tratamentos sem cirurgia (medicação e modificações do estilo de vida) falham com muita frequência, e quando o paciente não apresenta contra indicações, a cirurgia desponta como uma boa alternativa para um ganho real de saúde. Entre as comorbidades que geralmente melhoram muito com a Cirurgia Bariátrica, estão: hipertensão, diabetes, apneia do sono, problemas com o colesterol, dores nas articulações relacionadas ao peso, refluxo gastroesofágico, e até mesmo alterações hormonais relacionadas à fertilidade.
Sim, como todo tratamento médico, principalmente cirúrgico! É muito importante que o paciente saiba que os riscos existem e quais são eles, e a equipe interdisciplinar trabalha em conjunto para fornecer todos os esclarecimentos necessários. Da mesma forma, reforçamos que as técnicas, materiais e equipamentos usados na Cirurgia Bariátrica não param de evoluir, e com isso os riscos nos últimos anos vêm sendo bastante minimizados. As principais complicações que cuidamos sempre para reduzir são: sangramentos, vômitos, infecções, fístulas (abertura dos pontos ou linha de grampos), trombose e embolia pulmonar.
Converse e tire todas as suas dúvidas com a equipe que estiver cuidando do seu pré-operatório!
A cirurgia bariátrica está indicada nos seguintes casos:
- Pacientes com obesidade grau 1 2 (IMC entre 30 e 34,9 kg/m2) que sejam portadores de doença metabólica grave (p ex, diabetes tipo 2) de difícil controle mesmo com medicação.
- Pacientes com obesidade grau 2 (IMC entre 35 e 39,9 kg/m2), portadores de mais de uma condição causada pela obesidade e que prejudique a saúde (p ex, hipertensão arterial, esteatose hepática, diabetes, depressão, apneia do sono).
- Pacientes com IMC igual ou maior que 40, independente de agravos da saúde.
Em todos os casos, é necessário que o paciente esteja em acompanhamento por equipe interdisciplinar que concorde com a indicação do procedimento e, mais do que isso, dê o suporte necessário antes e após a cirurgia para que se alcance o melhor resultado possível com os menores riscos.
Preparação para cirurgia bariátrica: as 11 recomendações fundamentais
1Você pode chegar até a opção pela cirurgia bariátrica de várias formas: por recomendação do seu médico clínico, após conversar com pessoas que já foram operadas, ou mesmo através de informações sobre peso e saúde colhidas na internet. Qualquer que seja seu caminho, tenha sempre em mente que procurar um profissional confiável é muito importante. Procure saber se o cirurgião ou cirurgiã que você procura tem habilitação, experiência e credenciamento adequado junto à Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
2 A primeira consulta é a mais importante para estabelecer vínculo com seu médico e esclarecer algumas dúvidas básicas. Se preciso, anote-as para não esquecer de perguntar no dia. Pode ser que nem todas as perguntas possam ser respondidas em um primeiro contato, e com o transcorrer das avaliações isso pode ser feito de forma gradual.
3 Prepare-se para um período com diversas consultas profissionais e exames. Eles são necessários para duas coisas:
1) assegurar que você é uma pessoa que terá benefícios com a cirurgia;
2) mapear qualquer situação que represente mesmo que um pequeno aumento no risco operatório, buscando fazer toda a prevenção necessária.
4 Os profissionais mais frequentemente envolvidos na avaliação interdisciplinar no pré operatório são: Endocrinologista, Cardiologista, Nutricionista e/ ou Nutrólogo, Psicólogo e/ ou Psiquiatra, Cirurgião Vascular, Fisioterapeuta, Anestesista, Fonoaudiólogo, Pneumologista. Diversos outros especialistas podem ainda fazer parte da avaliação, a depender do quadro clínico do indivíduo.
5 Um alerta importante: os profissionais da equipe interdisciplinar não são apenas emissores de relatórios para autorizar a cirurgia. Eles têm um papel fundamental no preparo, orientação e minimização de riscos antes, durante e após a cirurgia. Alguns destes profissionais devem passar a fazer parte da rotina de saúde do paciente operado com regularidade – Nutricionista e Endocrinologista, por exemplo, devem ser consultados ao menos anualmente mesmo vários anos após a cirurgia.
6 Aos que fumam: é aconselhável deixar de fumar no mínimo 2 meses antes de passar pela cirurgia. Isso diminui os problemas pulmonares, circulatórios e melhora a cicatrização do estômago. O uso do tabaco costuma aumentar as chances de pneumonias, trombose, infarto e úlceras no estômago.
7 Bebida alcoólica não combina muito com boa saúde… e menos ainda com cirurgia bariátrica. Evite o consumo nas semanas anteriores à cirurgia, e converse com os profissionais de Nutrição e Psicologia para entender melhor os efeitos danosos da bebida sobre o organismo, que são ainda maiores em quem passou por gastroplastia.
8 Evite pegar orientações que não sejam de profissionais envolvidos com seu cuidado. Questões sobre dieta, curativos, sintomas e atividades físicas devem ser preferencialmente dadas pela equipe que o acompanha, e nunca por leigos ou material informativo de fonte duvidosa (sites e grupos na internet, por exemplo).
9 Se você faz uso de medicamentos contínuos, não deixe de avisar seu médico para uma orientação adequada de como tomá-los na véspera e após a cirurgia.
10 Procure fazer atividades que diminuam sua ansiedade e o estresse nos dias antes da cirurgia. Caminhadas ao ar livre, boas leituras, moderação na cafeína e repouso adequado podem te ajudar muito a chegar no dia da cirurgia com a mente mais tranquila e contribuir para sua recuperação.
11 E lembre-se: o tratamento da obesidade não termina na cirurgia: ele começa com a cirurgia! Faça dos profissionais envolvidos seu grande ponto de apoio rumo a uma vida equilibrada, saudável e feliz! 🙂